Olá para todos. Estive um tempo afastada do blog. Trabalho que recomeça, decidi fazer uma pós-graduação, filho crescendo... enfim, a vida ganhando novo rumo.
Bom, como sabem sou fã da culinária francesa, mas de um modo geral, como uma boa glutona, adoro comer e isso faz da minha profissão um risco para a silhueta.
Acompanho os concursos de Chefs, programas de Tv, novidades do mercado, restaurantes que nascem, restaurantes que somem, mas a verdade é que o mundo gastronômico tens suas contradições. A mais atual (devido a moda de se dizer gourmet) é a quantidade de pessoas que acham que entender de gastronomia é saber quem está em alta e quem são os chefs famosos.
Cansei de ver pessoas elogiarem uma comida somente porque ela foi feita por alguém famoso, isso não faz o menor sentido. A falta de opinião, e porque não dizer de posição, me deixa indignada. O fato de ser famoso não significa que é bom. Claro que com isso não quero desmerecer o posto que muitos chefs hoje tem e que definitivamente é merecido.
Mas, é preciso saber do que se fala e do que se opina. Busco sempre ir a restaurantes, adoro exprimentar coisas novas e estou nessa há muito tempo, por isso tenho visto a crescente de "entendidos" em gastronomia a falar verdadeiras heresias.
Um exemplo clássico é quando falam de Alex Atala. Acho fanstástico termos um Chef reconhecido no mundo inteiro, e que sem sombra de dúvidas é um pioneiro no Brasil no tipo de culinária que pratica. Mas poucos entendem a comida que ele faz. Atala é quase que um alquimista na cozinha, segue muito da prática que aprendeu com Ferran. Uma culinária um pouco molecular, um pouco experimental, conceitual e inovadora no uso de texturas e técnicas. Vamos ser sinceros, não é popular!!!!
Por isso não entendo que pessoas que nunca comeram nada feito por Atala digam que adoram sua comida. Talvez agora com o Dalva e Dito, ele consiga fazer uma cozinha brasileira mais acessível aos paladares, mas no DOM, ele trabalha um cardápio para poucos e isso é uma realidade.
Consigo facilmente pensar em 10 excelentes restaurantes de São Paulo que não sobreviveriam aqui por falta de público. No início seriam moda pelo status que representam, depois entrariam no ostracismo.
E nem vou falar do atendimento que os restaurantes aqui reservam a seus clientes. Aqui é mais fácil ser bem atendido num buteco (e há butecos onde se pode comer verdadeiras maravilhas), do que em um restaurante conceituado. Com ressalvas ao saudoso Trapiche Adelaide e ao atual Aice Zushi, que sempre tiveram um atendimento impecável.
Mas a triste realidade para esta chef que vos fala é a constatação do quão distante ainda estamos do cenário gastronômico mundial. E olha que temos bons restaurantes e grandes chefs aqui, mais falta um público mais apurado. E não pensem que o público não interfere na gastronomia local.
As faculdades de gastronomia ainda tem um curriculo ameno. Isso sem falar da quantidade de curriculos que recebo de formandos em gastronomia que já se acham chefs. Parafraseando Edinho: um chef se forma, é preciso um mínimo de 7 anos de cozinha para chamar alguém de chef.
Enfim, agora que extravasei minhas indignações (sem mencionar por ética os famosos restaurantes pelos quais estagiei e que em conseqüência não consigo pensar nem se quer em passar pela porta) vamos dar seguimento as postagens.
Poucas cozinhas que vi aqui são realmente dignas da alta gastronomia, pena que não posso fotografar para desmistificar o que se passa dentro delas. Mas o que se vê nos filmes como o Sem Reservas, eu não vi em nenhum restaurante aqui na Bahia, pelos quais passei.
Isso sim, é assustador!!!
Mas nem tudo é preocupante. Há muito de bom na Bahia, há muitos que fazem uma culinária engenhosa como a do Chef Beto.
Oi Emanuele.
ResponderExcluirRealmente, tem muita gente por aí que merecia o título de Chef e não o tem somente porque a mídia não o promoveu. Gosto de assistir aos programas e competições gastronômicas. Me divertem. Mas morre aí, pois vejo muitos que se dizem Chefs tomando água e arrotando Coca-Cola, com pratos medíocres e que meu filho, de 13 anos, é capaz de reproduzir. Particularmente, nunca fui muito com os córnios do Alex Atala. Não sei... meu santo não bateu com o dele desde a primeira vez que o vi. Falo muito do Jamie Oliver, e até do Gordon Ramsey (ok... esse menos que o JO), mas porque, de certa forma, eles tem um carisma que o Alex não consegue transmitir. Gosto do Claude Troisgros. É o tipo do Chef simpático, pelo menos televisivamente falando.
Espero que possamos reconhecer mais Chefs aqui no Brasil, não pela mídia, mas pelo seu valor real.
De fato o Jamie e o Claude, são muito simpáticos. Mas um Chef não se mede somente pelo tipo de culinária que faz, pois conheço Chefs da culinária baiana que não surpreendem na complexidade do prato, mais em si na capacidade de gerir tão bem a cozinha. Um Chef antes de mais nada é um gerente, na realidade quem menos cozinha é o Chef. Ele está ali para assegurar que o padrão não seja perdido e claro, para assinar um cardápio que seja o reflexo de sua experiência e personalidade. Tive a oportunidade de comer no ElBulli, e a comida do Ferran, maior Chef do século, não me é apreciável. Porém, suas criações permitiram a Chefs no mundo inteiro, revolucionar a gastronomia. Por isso digo, fui mais feliz comendo a feijoada de Tia lá Feira de São Joaquim do que em alguns badaladíssimos restaurantes, mas também tive experiências transcendentais em outros tão balados estabelecimentos. São dois pesos e duas medidas. Hoje a lista de nossos melhores Chefs conta com Chefs extrangeiros, desejo de coração que essa lista seja em 5 anos totalmente nacional.
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